A pergunta pode remeter para a célebre obra do Ulianov. Poder, até pode, mas não é o caso.
Sublinha somente um belíssimo e arguto texto de Valupi, que vale a pena saborear por aqui.
E in extenso de seguida:
"Talvez aprender. Talvez pensar. Há um espaço vago, enorme e disforme, que os partidos não habitam e a escola não alimenta, que os agentes económicos ignoram e a academia despreza. Esse espaço chama-se tu e eu, chama-se nós.
Nós estamos cheios de falhas, preconceitos, medos, ilusões. Nós queremos e não queremos ter protagonismo político, porque nós somos e não somos cobardes e valentes. Nós atacamos os poderosos com gritos, os vizinhos com palavras e os miseráveis com silêncios. Nós deixamo-nos andar, mas não estamos a fazer caminho, não chegamos a lado algum se continuarmos à nora.
A paixão pela política é a paixão pela aprendizagem. Por isso a política nasce historicamente quando se abre um espaço nas cidades para o pensamento. O pensamento, pela sua natureza, é sempre um exercício de liberdade. A paixão pela política é, na sua essência, a paixão pela liberdade. A liberdade daqueles que a defendem juntos nas muralhas de pedra ou de leis.
Este espaço não é de esquerda ou direita, porque antecede, envolve e transcende qualquer concretização ideológica. Antes se constitui como o fundador do estádio mais complexo e humanista da civilização. É para este espaço que temos de convidar aqueles que não gostam de política. É neste espaço que nos vamos encontrar e falar. Aprender e pensar. Tu, eu e nós."
Na imagem, o grego e o estagirita, o mestre e o discípulo, Platão e Aristóteles.
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