Aprecio o tradutor, cultuo mesmo o poeta, considero o intelectual, mas detesto, tenho mesmo horror, ao "politiqueiro" não encartado Vasco Graça Moura.
É muito raro ler-lhe as diatribes que publica no DN.
Mas, hoje, não sei bem porquê, menos ainda por que não, li-lhe a prosa hebdomadária.
E, coisa de espantar, gostava de ter escrito este texto. Não só o subscrevo, como merece o meu aplauso...total e sem qualquer tipo de reservas mentais.
A critica severa que faz ao "seu", dele, governo a pretexto da aberração que é o AO...de aplaudir a mãos ambas.
Mas, mais do que o meu perorar, leia-se-lhe a bela da prosa.
«Milhões e milhões de livros e outros materiais escolares vão ser ingloriamente deitados ao lixo só por terem um c ou um p "a mais" numa série de palavras! O Estado investe e comparticipa na aquisição de livros escolares. Vai ter mais despesa. Mas nada (custos directos e indirectos implicados pela aplicação, valor astronómico da riqueza destruída, outras perdas) foi objecto de estudo quantificado e sério por parte das autoridades portuguesas! Isto é escandaloso numa altura em que as despesas das famílias com a educação já rondam os 1 400 milhões de euros; as da acção social escolar no ensino não superior, no tocante ao apoio sócio-económico, os 51 000 milhões; as das câmaras municipais, só na parte relativa a publicações e literatura, 136 000 e 15 700 milhões, entre despesas correntes e de capital. Voto no PSD e apoio o Governo. Mas leio no seu programa esta coisa de estarrecer: "o Governo acompanhará a adopção do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa garantindo que a sua crescente uni- versalização constitua uma oportunidade para colocar a Língua no centro da agenda política, tanto interna como externamente." No centro da agenda política, eu prefiro ver o combate ao desemprego à institucionalização do desperdício... Não se podem despender exorbitâncias com o AO, enquanto o 14.º mês é onerado com mais um imposto brutal! A troika impôs a drástica redução do défice e uma racionalização de despesas que também abrange a educação. Espera-se portanto que intervenha!»
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. VGM