Domingo, 1 de Abril de 2012

O poder da palavra

O jornalista José Ferreira Fernandes, hoje com banca no Diário de Noticias, sabe quão poderosas e tresloucadas podem ser as palavras.

Sabe-o por que, de algum modo, são as suas ferramentas profissionais.

Jornalista sem palavras (ele há-os sem palavra, mas isso não é para aqui chamado...) é homem morto.

Não é o caso do meu cronista preferido, honrado cidadão, luso-angolano (nunca sei se o luso vem primeiro que o angolano...) que, recorrentemente, alerta os seus leitores para o poder de fogo das palavras.

Uma vez mais ilustra-nos tal tese com excelente crónica.

E de seguida...inteirinha:

"Felizmente os doutores de Economia não costumam ir para doutores dos bancos de urgência. Nestes, quando uma mãe leva lá o filhinho constipado, o médico receita um comprimido de paracetamol e diz que a febre vai baixar. Se a mãe for galinha e destravada, pergunta: "Mas, doutor, o meu menino pode vir a ter um cancro no pâncreas?" Ao que o médico de hospital só pode responder: "Oh, minha senhora, dê o comprimido ao miúdo e tenha juízo ..." Isso, nas urgências, porque se sucede no intervalo do encontro dos ministros das Finanças da UE, como agora se realiza em Copenhaga, abordar um doutor de Economia pode começar bem mas logo tresmalha. Por exemplo, o professor Vítor Constâncio fez o discurso a que o bom senso obriga: os spreads (é como se diz febre em economês) estão a baixar para Portugal e os mercados (é como se diz vírus) estão a acalmar... Enfim, disse bem e não mentia. O problema é que Constâncio estava rodeado de jornalistas e, como se sabe, nada mais parecido com mães destravadas do que um tipo com microfone: "Mas, doutor, o meu Portugal vai ser obrigado a segundo resgate [é como se diz, para países, cancro no pâncreas]?", lançou um jornalista. O doutor devia tê-lo mandado passear. Mas o doutor não era de banco de urgência e deu a resposta parva de um vice-presidente do Banco Central Europeu: que tudo era possível, cancro e segundo resgate. Enfim, mostrou como é possível estarmos nas mãos de incompetentes da palavra."


publicado por weber às 12:19
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