Esta é daquelas falsas dicotomias irrelevantes e desinteressantes, mas que, os analistas pouco avisados, gostam de "considerar".
A CGTP sempre foi "controlada" ferreamente pelo PCP.
Domingos Abrantes foi o seu patrão durante anos a fio.
Mais recentemente, o próprio Jerónimo de Sousa, foi seu maioral.
Creio que, hoje, é o jovem promissor Francisco Lopes, membro da Comissão Politica e do Secretariado do PCP, eleito deputado por Setúbal e candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, quem "controla" a célula dos dirigentes, comunistas, da Central. Este dirigente partidário foi durante mais de duas décadas o "chefe" do Sector dos Transportes e Empresarial do Estado. As reuniões, as regulares, e as excepcionais, continuam a ter lugar na sede nacional, à rua Soeiro Pereira Gomes. Foi lá que se escolheu Arménio Carlos, vindo do sector mais radical dos sindicatos dos transportes, a FESTRU, sector que consegue parar as grandes cidades de Lisboa e Porto.
Curiosamente, nunca a metalúrgia, de onde veio JS, o SG do PCP, deu SG's para a Intersindical. O primeiro "coordenador" de facto, mas que não de direito, ainda no marcelismo, foi o bancário, Daniel Cabrita. Mas, como "falou" na PIDE, despareceu de cargos electivos.
Depois, um quadro destacado do PCP, Canais Rocha, vindo do sector dos Caixeiros, ainda se assomou como SG, logo a seguir ao 25A.
Elemento destacado do PCP na Comissão de Extinção da PIDE/DGS, surripiou o seu processo individual de anti-fascista, onde havia uma pequenina mancha, mas bastante para o mandarem para o caixote do lixo da história.
No 1º Congresso da INTER elegeram para Coordenador da Comissão Executiva, um desconhecido, mas prestigiado dirigente das Industrias Gráficas do Norte, Armando Teixeira da Silva, que teve um desempenho abaixo do medíocre. Já então se perfilava o operário especializado das Industrias Eléctricas do Norte, dirigente sectorial e da U.S. do Porto, Manuel Carvalho da Silva, patrão do Departamento de Organização da CGTP.
Isto tudo para dizer o quê?
Veja-se a noticia da eleição de Arménio Carlos aqui e percebe-se que, uma vez mais é esmagadora a presença dos comunistas.
Portanto, se dois mais dois são quatro, vamos ter continuidade no que respeita ao controlo da CGTP pelo PCP.
Depois, ele há o homem...e este Arménio é diferente de Carvalho da Silva.
Pela personalidade, pela formação, perlo percurso, pelo histórico, pelos apoios ou falta deles.
Manuel Carvalho da Silva, socorrendo-nos da trilogia grega, tinha Logos, alguma Ética e pouco Pathos.
Não era carismático. Não empolgava as massas ao modo de Camacho, espanhol ou de Georges Séguy, francês.
José Luís Judas poderia ter sido o carismático líder da Intersindical, mas no Congresso de 1986, "denegando" o convite que lhe tinha sido dirigido pelo seu muito particular amigo Domingos Abrantes, deixou-se "adoecer", caindo numa espécie de depressão angustiante, abrindo assim caminho para 25 anos de liderança de Carvalho da Silva.
Este soube construir-se em figura pública, apreciada por muitos, considerada por alguns e promovido por uns quantos. Este agricultor do Alto Minho sempre soube querer o que podia e tudo fez para o conseguir.
Ele, disso não tenho dúvidas, sabe o que vai querer e tudo fará para o conseguir.
Quanto a Arménio Carlos, em meu entender, será um humilde quadro do PCP a quem obedece faz quase trinta anos.
Não vai haver, nem continuidade de liderança, nem ruptura.
O estilo vai mudar. Os slogans serão, talvez, mais contundentes, mas as outras sensibilidades lá estarão para moderar o radicalismo do homem da FESTRU.
Como diria o outro "tudo como dantes, no quartel da Victor Cordon".
Curiosidade minha: Joaquim Dionísio fica? e se ficar, que pelouro será o dele?
PS - Depois de escrito o post, ouvi um pedaço do discurso de encerramento do Congresso e do novel SG. Em cada frase, um"camaradas". Em cada tópico "os trabalhadores, o povo, a politica de classe". O homem foi descobrir as velhas teorias da Internacional Comunista, "classe contra classe". Mais parecia um discurso do alto da tribuna do Congresso do PCP. Até os congressistas, meio drogados de tanta conversa, pareciam dormitar em seus assentos.
Como era de prever, a conversa vai aumentar de tom e ser carregada de tons catastrofistas, mas ordem a "unir" da Soeiro Pereira Gomes aí está...presente. Lá estava o "camarada" Francisco Lopes, qual chefe partidário, na primeira fila da tribuna dos "convidados" a seguir, atentamente, o discurso do "controlado", do "moço de recados" que, Carvalho da Silva, a seu modo, também o era...Desengane-se quem pense o contrário.
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