A nossa comunicação social precisa de transparência, de rigor, de profissionalismo, de liberdade...claro que sim.
Mas, sobretudo, precisa de jornalistas...como este, que foi Director do 24 Horas e assina crónicas, actualmente, no DN.
Há um traço, que o distingue de todos os outros, honrados jornalistas, que os há: a assunção da sua filiação partidária.
É militante comunista, creio que com as quotas em dia na Soeiro Pereira Gomes, ou será no Hotel Vitória, na célula dos jornalistas?
Esta "qualidade", que ele assume publicamente, faz toda a diferença para outros camaradas de profissão.
Quantos, militantes do PSD, ou do CDS/PP teriam a coragem de se assumir como tal durante os "consulados" de José Sócrates em plena campanha de assassinato politico...quantos? Nenhum teve a coragem de assumir um improvável conflito de interesses. Os jornalistas não são cidadãos assexuados. E, antes de exercerem esta profissão, são, isso sim, e isso mesmo:CIDADÃOS.
Nos EUA há a cultura e o hábito saudável dos meios (jornais, rádios, televisões e etc.) assumirem as suas preferências politicas, com clareza.
Em Portugal, que eu me recorde, só o extinto A Capital, na sua fase terminal, assumiu, em editorial, uma preferência politica pelo Partido Socialista, em 2005 (creio eu...).
Todos os restantes assobiam para o lado. Reclamam-se do interesse nacional, de uma estapafúrdia isenção, ou de uma liberdade sem limites para maldizerem ad nauseam.
A campanha que levaram a cabo contra Sócrates teve a marca do CDS, do PSD, do BE e do PCP...mas nenhum "jornalista" se assumiu como mandantário de uma destas plataformas partidárias...que fosse.
Pedro Tadeu é outra coisa. É honrado e transparente. Pode ser escrutinado à luz desta sua "qualidade". Os outros senhoritos...não.
É por isso que vale a pena lê-lo nesta sua recente polémica com o Doutor Louçã e que pode saborear por aqui.
E in extenso, que sabe melhor:
"Escolheu Francisco Louçã o Facebook para criticar uma crónica minha. Disse o líder do Bloco de Esquerda, entre outras coisas, algo que atinge a minha reputação e a dos jornalistas que trabalharam comigo enquanto fui director do 24horas: Louçã classificou-o de "jornal populista e alegremente reaccionário". É verdade que "alegremente" fiz uma capa com Joana Amaral Dias e Ana Drago sob o título "Onde é que o Louçã as arranja?" e publiquei uma subscrição para os leitores comprarem um bilhete de avião, só de ida, para a Coreia do Norte, a oferecer ao deputado do PCP Bernardino Soares. Em contrapartida, um dia, o então presidente do Conselho de Administração do jornal, Henrique Granadeiro, foi confrontado com a exigência do Governo PSD/CDS para que eu fosse demitido. Eu próprio ouvi, de alguém com poder para fazer cair essa administração, a ordem formal, que recusei, para parar a publicação de notícias "desfavoráveis" ao primeiro-ministro Pedro Santana Lopes. O 24horas não era um projecto político e, apesar de ter sido a dada altura dirigido por um militante do PCP, foi, tal como exigia o seu estatuto editorial, rigorosamente apartidário. E é estranho que um jornal alegadamente "reaccionário" tenha servido para o Bloco montar uma Comissão de Inquérito no Parlamento por causa da notícia sobre o caso Envelope 9... Mas talvez a crítica do doutor Louçã se referisse a questões deontológicas e não políticas... Vamos a elas. A insuspeita ERC fez, em 2009, um estudo sobre "Privacidade, Intimidade e Violência na Imprensa"... Surpresa! Os jornais Correio da Manhã (21,6% da amostra), Jornal de Notícias (21%) e Diário de Notícias (20,3%) publicaram mais notícias violentas e/ou que violaram a privacidade e a intimidade dos protagonistas do que o 24horas (18,2%), que só passou neste "ranking negro" o Público (11,7%). Na página 80, o estudo diz mesmo que o 24horas é um jornal "que se situa abaixo da média, contrariando, assim, a imagem de jornalismo sensacionalista que, não raramente, lhe está associada". O site da ERC tem o trabalho disponível onde se desmontam, cientificamente, vários "mitos urbanos" negativos sobre o jornal. Outro insuspeito, Óscar Mascarenhas, presidente do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas entre 1996 e 2002, escreveu no JN, após o fecho do 24horas: "Deixa-me saudades o tempo em que foi dirigido por Pedro Tadeu, exemplo vivo de que um jornalista culto e com referências éticas pode fazer a diferença num jornal popular - por muitos deslizes que tenha cometido e de que era o primeiro a reprovar-se em público, caso ímpar na nossa imprensa." Se isto é ser "populista e reaccionário", doutor Louçã, resta-me agradecer os epítetos e, para a semana, tratar do assunto que falta: o sério problema político que está por detrás do seu desabafo no Facebook."
Leia-se com atenção, e esmerado interesse, as partes que sublinhei a cores, no interior da peça do jornalista.
Foto de Pedro Tadeu, quando jovem...
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